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Dr. Rafael Oliveira
Especialista em Neurocirurgia e Cirurgia de Coluna Vertebral
DOENÇA DE ALZHEIMER E OUTRAS DEMÊNCIAS
Características
Motivo de pânico para várias pessoas, as demências tem sido, cada vez mais, diagnosticadas. Entende-se por demência a perda da capacidade intelectual previamente adquirida, grave o suficiente para interferir no comportamento social ou laborativo. Dentre tais patologias, a que representa a grande maioria dos casos é a Doença de Alzheimer. Podemos também destacar as demências vasculares, secundárias a outras patologias, Doença de Huntington e por deficiência de vitaminas ou outros minerais.
Fonte : Instituto Nanocell
Tipos de Demências
DOENÇA DE ALZHEIMER
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Características
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É a forma mais comum de demência.
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Patologicamente possui placas neuríticas (amiloides) e novelos fibrilares.
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Alguns autores já a descrevem como “diabetes tipo 3”, ou seja, tem características de disfunção insulinêmica a nível cerebral o que acaba afetando a função neuronal e os neurotransmissores, principalmente da acetilcolina (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8910482/).
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Clinicamente se caracteriza pelo declínio gradual e progressivo da função intelectual associada ao comprometimento da memória, julgamento e percepção. Ocorre alteração da personalidade e do comportamento. Rigidez a bradicinesia podem surgir com a evolução. Na , embora haja perda de memória, o paciente tem condições de vida independente. Na há necessidade de certa supervisão, mas ainda existe certa interação. Já na os pacientes são totalmente dependentes e não possuem nem condições de comunicação. Pode ocorrer comprometimento de uma ou mais funções cognitivas como afasia, apraxia, agnosia ou planejamento executivo.
2. Diagnóstico
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O diagnóstico é clinico e devem ser feitos: mini exame do estado mental, análise de liquor, estudos de imagens e testes neuropsicológicos. O diagnóstico definitivo só é obtido através da análise laboratorial do tecido cerebral.
3. Tratamento
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O tratamento pode, em alguns casos, aliviar um pouco a sintomatologia, mas ainda não existe terapêutica capaz de alterar a drástica evolução da doença.
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Inibidores da colinesterase – Tem por função reduzir a quebra da acetilcolina, aumentando assim sua função. São úteis em casos leves e moderados.
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Donepezila – Inibidor especifico altamente específico da acetilcomlinesterase. Iniciar com 5mg/dia ou conforme seu medico.
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Galantamina – Inibidor seletivo e competitivo da acetilcolinesterase. Iniciar com 8mg/dia ou conforme seu medico.
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Rivastigmina - Inibidor especifico da acetilcolinesterase e da butirilcolinesterase. Começar com 1,5mg duas vezes ao dia e ir aumentando até alcançar 6 a 12mg/dia ou conforme seu medico.
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Antagonistas dos receptores do NMDA (N metil d aspartato) – Ao bloquear os receptores do glutamato, talvez, pode-se proteger contra a toxicidade da doença. Deve ser usado em casos moderados a graves.
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Memantina – Antagonista não competitivo do receptor NMDA. Iniciar com 5mg/dia e aumentar progressivamente até 20mg/dia ou conforme seu medico. Pode se associar a donepezila.
DECLÍNIO COGNITIVO LEVE
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O declínio cognitivo leve não caracteriza uma doença em si, mas talvez um estado de transição entre a função cognitiva normal e um quadro demencial.
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Os critérios diagnósticos são:
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Queixa de perda de memória
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Capacidade normal de realizar atividades do cotidiano
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Cognição preservada
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Não existe tratamento específico nem preventivo e, mais ou menos, 10% dos casos desenvolverão Doença de Alzheimer.
DEMÊNCIA VASCULAR
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Características
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Definida como o declínio cognitivo que leva ao comprometimento funcional e que é causado por doença cerebrovascular como infartos isquêmicos ou hemorrágicos ou hipoperfusão. É importante haver evento vascular cerebral comprovado prévio ao quadro demencial para se firmar o diagnóstico.
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Clinicamente é caracterizada por perda de memória, alteração de linguagem, falta de discernimento e dificuldade visuoespacial. Em quase todos os casos existe quadro motor associado como marcha anormal, fraqueza focal e incoordenação. Pode ocorrer incontinência emocional, incontinência urinária e urgência miccional.
2. Diagnóstico
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Para questões diagnósticas, não existem achados patognomônicos em nenhum tipo de exame complementar. Sugere-se realizar exame de imagem encefálico.
3. Tratamento
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Não existe tratamento específico.
DEMÊNCIAS FRONTO TEMPORAIS
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Demência Fronto Temporal Comportamental
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Caracterizada por alteração progressiva de personalidade e do comportamento, ao passo que as habilidades espaciais e memórias seguem preservadas. O paciente perde sua capacidade de se comportar socialmente. Passa a ter comportamento oral e fissura por doces.
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Os exames de imagem demonstram atrofia frontal e temporal. Os estudos funcionais como HMPAO SPECT e FDG PET mostram redução de atividade nas regiões frontal e temporal direitas.
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Não existe tratamento.
2. Afasia Progressiva Primária
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Caracterizada por disfunção considerável e progressiva somente da linguagem. Os pacientes apresentam anomia e parafasias e com a evolução pode ocorrer mutismo.
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Os exames de imagem podem apresentar atrofia perisylviana do lado esquerdo e os estudos funcionais podem demonstrar hipoperfusão na mesma região.
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Não existe tratamento.
3. Demência Semântica
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Caracterizada por perda de memória para as palavras o que termina por produzir parafasias semânticas. Todavia, os pacientes executam bem tarefas cotidianas.
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Os exames de imagem e funcionais demonstram alteração na região perisylviana posterior esquerda.
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Não existe tratamento.
DEMÊNCIA COM CORPOS DE LEWY
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Características
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Caracterizada por elementos psicóticos como delírios e alucinações, flutuações do estado de alerta, transtorno do sono, demência e parkinsonismo.
2. Diagnóstico
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Não existem exames diagnósticos específicos. Deve-se excluir causas clinicas do quadro.
3. Tratamento
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Não existe tratamento específico. Para os sintomas associados pode-se usar:
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Quetiapina – Se psicose, agitação ou distúrbio do sono - Iniciar com 25mg/dia ou conforme seu medico.
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Risperidona - Se psicose, agitação ou distúrbio do sono - Iniciar com 0,5mg/dia podendo aumentar até 3mg/dia ou conforme seu medico.
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Olanzapina - Se psicose, agitação ou distúrbio do sono - Iniciar com 5mg/dia ou conforme seu medico.
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Levodopa – Se parkinsonismo associado. Iniciar com 25/100mg ½ comprimido três vezes ao dia ao conforme seu medico.
DEMÊNCIAS ASSOCIADAS A OUTRAS DOENÇAS
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Demência na Paralisia Supranuclear Progressiva
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Associada aos sintomas do paralisia supranuclear progressiva como oftalmoplegia supranuclear progressiva, paralisia pseudobulbar, disartria e distonia.
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A alteração cognitiva é caracterizada por bradifrenia, abstração pobre, dificuldade de cálculos e de fluência mas manutenção da memória de reconhecimento.
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Os exames de imagem geralmente são normais as vezes demonstrando atrofia mesencefálica.
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Os exames funcionais podem demonstrar disfunção do lobo frontal.
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Não possui tratamento específico.
2. Demência na Doença de Parkinson
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Caracterizada pelo desenvolvimento de demência em pacientes com diagnóstico prévio de Doença de Parkinson.
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Clinicamente, os pacientes apresentam déficit cognitivo com disfunção executiva, bradifrenia, disfunção visuoespacial e preservação relativa da memória.
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O tratamento é pobre e alguns acreditam que a levodopa possa contribuir com alguma melhora.
3. Demência na Degeneração Corticobasal
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Caracterizada por demência em pacientes com degeneração corticobasal onde é identificado apraxia apendicular, perda sensitiva, heminegligência, mioclonias e fenômeno do membro alienígena.
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Alguns autores inclusive consideram que a demência pode ser o sintoma mais comum dessa doença.
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A disfunção cognitiva é caracterizada por déficit cortical (apraxia, afasia, agnosia) e subcortical (bradifrenia, perda de fluência verbal).
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Ausência de psicose ou de comprometimento grave de memória.
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Os exames complementares (imagem e funcionais) mostram alteração nas regiões frontal posterior e parietal contralateral.
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Sem tratamento específico.
4. Demência na Doença de Huntington
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A Doença de Huntington é caracterizada por déficits motores, cognitivos e psiquiátricos.
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Os déficits executivos constituem a principal alteração cognitiva associada a tal doença. A capacidade de planejamento, de organização e de monitorização do comportamento estão muito prejudicadas.
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Os exames complementares podem mostrar disfunção nos lobos frontais e circuitos frontoestriatais.
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Não existe tratamento especifico.
Clínica e Diagnóstico
O diagnóstico é clínico. O principal sintoma é o esquecimento, sendo esse progressivo. É importante também avaliar a velocidade de instalação dos sintomas. Se esses ocorrerem rapidamente nos remete a carência de alguma substância importante para o organismo. Um teste rápido e adequado para ser aplicado a nível ambulatorial é o Mini Exame do Estado Mental (MEEN). Embora possua algumas limitações pode ajudar, sugestionando um diagnóstico ainda não muito perceptível ou conhecido.
Tratamento
O tratamento medicamentoso não é muito efetivo. O interessante é que, hoje em dia, inúmeros trabalhos defendem o uso de dietas específicas para melhora cognitiva. E esses têm demonstrado impressionante melhora. Se você quiser aprofundar sobre esse assunto marque logo sua consulta. A avaliação de um profissional especializado é muito importante.
Rafael Oliveira - Médico Neurocirurgião e Cirurgia de Coluna
Porto Alegre - RS